Um vento soprou por cima da vida de João Melo. Um vento espinhara, o bafo quente do sertão, que cresta tudo, que tudo torra e esfarela. Ele não podia saber, mas aqueles anos despreocupados, com livros de bolso, cinema no sábado, futebol no domingo, tinham sido o ponto alto da leitura na vida dele. Dali em diante foi só descida, descida para a cratera-fornalha dos empregos, das dívidas, dos compromissos... A família compensando, com suas alegriazinhas e seu aconchego, o moedor-de-carne em que se transforma a vida de quem trabalha assim. De quem corre como se tivesse uma corda amarrada na cintura e a outra ponta amarrada num trem que não para nunca.
14.9.21
Quando morre um leitor
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